Porque eu posso! Poderia simplesmente não escrever nada a mais, nem justificar minha escolha, já que a minha liberdade permite fazer e vestir o que quiser. Porém, quando compartilhei uma foto de saia no Instagram e Facebook, e recebi alguns comentários ignorantes do tipo “Viadagem do caralho” (sic), entre outros… decidi trazer aqui uma reflexão dos motivos que me fizeram escolher usar uma saia.
Desde 2012, quando decidi criar O Cara Fashion, venho tentando conhecer cada vez mais o universo da moda masculina, e com o tempo tive a oportunidade de ver como várias culturas e guetos se comportam, e assim com esse conhecimento me senti cada vez mais livre nas minhas escolhas de moda e, principalmente, consegui me encontrar com meu estilo. Usar saias foi sempre uma grande vontade, mas por muito tempo faltou coragem, tive medo, e faltou também a peça ideal que eu me apaixonasse – pois se não existir paixão nas minhas escolhas de moda, nem tento.
Quando encontrei essa saia xadrez do João Pimenta foi amor à primeira vista, ela foi o impulsionamento que faltava para eu poder usar a minha primeira saia. Além de ser linda – em alfaiataria e com o corte perfeito do estilista – ela estava com 50% de desconto, na liquidação semestral que acontece em seu atelier em Pinheiros, São Paulo. Fiquei por um tempo sonhando com o look montaria com a peça, até surgir a ideia de apostar no básico, com uma camiseta e bota – o que deu muito certo. Quando sai nas ruas com ela me senti muito bem – para minha surpresa – não me importei com os possíveis olhares tortos e comentários maldosos. Eu estava tão bem comigo mesmo que qualquer palavra que me dissessem em relação ao meu look não faria diferença. E foi aí que eu percebi que é exatamente isso que importa: você se sentir bem consigo mesmo no que está vestindo.
A segunda saia que usei já foi no automático, apesar dela ser menos tradicional do que a primeira, já que ela é rosa, de pregas e mais curta, percebi que ela recebeu mais olhares curiosos, porém como eu estava de bem comigo mesmo e confortável na peça, nada ao meu redor importava. A peça é de um estilista que admiro e acompanho o trabalho há tempos, o Felipe Fanaia; então a usei como a peça pedia, de forma divertida e colorida, mesclada ao meu estilo, claro. O resultado foi um look divertido, confortável e com uma pegada street.
Portanto, decidi usar a saia pelo simples motivo de eu ter gostado da peça, a achar bonita, estilosa e principalmente por me sentir totalmente confortável a usando. Eu sei que nem todos tem a mesma coragem que eu tive de usar a saia, sair por aí sem se preocupar, porém accredito que é importante saber que no momento em que a gente se sente bem e confiável em si, nada ao nosso redor importa. Nem os olhares críticos, os comentários maldosos, ou mesmo o medo.
Usar uma saia não vai te fazer menos homem do que um cara que usa uma calça dois números a mais – por medo de parecer gay. Não vai ter fazer menos homem do que um cara que usa bermuda larga abaixo do joelho – para mostrar que é o cara. Uma peça de roupas não define sexualidade, roupa não tem gênero, não tem sexo. A sexualidade de cada um está definida em sua cabeça, não no que se veste.
Seja menos! Menos preconceituoso, menos ignorante, menos preso a padrões. Seja mais! Mais livre das amarras sociais, mais confiante, mais feliz.