Nos últimos anos, o Brasil tem se mostrado cada vez mais aberto a novas formas de relações afetivas e sexuais, refletindo uma mudança nas atitudes sociais em relação à não monogamia. Embora a monogamia continue a ser a estrutura mais tradicionalmente valorizada pela sociedade brasileira, uma parte crescente da população vê na não monogamia uma alternativa válida e até positiva para as dinâmicas de relacionamentos.

De acordo com o Mapa da Não Monogamia no Brasil e na América Latina*, realizado pelo Gleeden, aplicativo voltado para encontros não monogâmicos, 7 em cada 10 brasileiros veem a não monogamia como algo positivo ou neutro. Segundo o levantamento, 66% da população tem uma visão positiva (42%) ou neutra (24%) sobre o tema. Além disso, o Brasil aparece mais aberto que a Argentina, onde 40% demonstram resistência à não monogamia, e apenas 35% afirmam ter uma visão favorável.
“A não monogamia abrange uma série de arranjos, como relacionamentos abertos, poliamor e outras formas de parceria afetiva em que as pessoas não se limitam à exclusividade sexual ou afetiva com uma única pessoa. Em vez de ser vista como uma ameaça à estabilidade das relações, a prática tem ganho adeptos que defendem que ela permite maior liberdade, autenticidade e comunicação, pilares que consideram fundamentais para uma convivência saudável”, comenta Silvia Rubies, Diretora de Marketing Latam do Gleeden.
O estudo também mapeou o que os brasileiros entendem por não monogamia. Para 38%, ela se baseia em acordos, transparência e responsabilidade. Outros 36% veem o modelo como uma forma de promover liberdade emocional e sexual, enquanto 29% acreditam que ele desafia normas sociais e culturais. Ainda assim, parte da população carrega visões críticas: 29% afirmam que a não monogamia “não prioriza amor ou respeito verdadeiro”, 28% associam o modelo à infidelidade e 24% acreditam que se trata de uma moda passageira.
“A abertura para múltiplos vínculos permite que os envolvidos expressem suas necessidades e desejos sem a pressão da exclusividade, favorecendo a autodescoberta e a construção de relações mais equilibradas. Para muitos, a escolha por esse modelo está ligada a uma maior aceitação da pluralidade de desejos e afetos, desafiando a ideia de que um único parceiro pode atender todas as necessidades emocionais e sexuais de outra pessoa”, ressalta.
Na prática, os arranjos não monogâmicos mais vivenciados no Brasil são a polifidelidade (26%), os relacionamentos abertos (29%) e o ménage (25%). A infidelidade ainda aparece de forma significativa (28%), seguida por poliamor (20%), swing (14%) e poligamia (17%).
*O estudo do Gleeden ouviu 1.773 participantes no Brasil, na Argentina, na Colômbia e no México.