A fragrância como extensão do estilo
Durante muito tempo, o perfume foi visto como complemento invisível ao look — um detalhe final, algo que não se via, mas se sentia. Hoje, esse lugar mudou. A fragrância ganhou status de peça principal, posicionando-se não apenas como acessório sensorial, mas como elemento visual, narrativo e até identitário da moda contemporânea.
Mais do que agradar o olfato, perfumes agora contam histórias, definem personagens e sustentam coleções inteiras. Estilistas renomados vêm desenvolvendo fragrâncias com a mesma lógica criativa que aplicam a tecidos e cortes. Assim, o perfume não é mais o toque final: ele pode ser o ponto de partida de toda uma coleção.
Frascos que vestem
O design dos frascos também acompanha essa evolução. Em vez de embalagens neutras, vemos frascos que remetem a bolsas de grife, esculturas abstratas, pingentes art déco ou artefatos futuristas. Em editoriais e vitrines, o perfume aparece estilizado ao lado de roupas e acessórios, como se também fosse algo que se veste.
Esse movimento não é apenas estético. Marcas entendem que o visual do frasco pode ser tão comunicativo quanto sua fragrância. Basta olhar vitrines de lojas de luxo para notar que o perfume deixou de ficar “no canto” e agora ocupa o centro. Ele é exibido, fotografado e compartilhado — como qualquer item fashion.
O cheiro como assinatura pessoal
No passado, o perfume “ideal” era aquele que se tornava quase imperceptível. Hoje, cada vez mais consumidores procuram fragrâncias marcantes, ousadas, autorais. A ideia de um “cheiro assinatura” ganhou força — trata-se de ser lembrado por uma fragrância única, quase como uma identidade olfativa.
Isso se alinha ao movimento de personalização no universo da moda. Perfumes nichados, feitos sob medida ou com combinações inusitadas, conquistam espaço entre consumidores que desejam se diferenciar. O aroma passa a ser uma declaração de estilo tão forte quanto uma estampa ou um corte de cabelo.
Passarelas e passagens perfumadas
Algumas marcas já utilizam o perfume como parte da cenografia dos desfiles. A ambientação olfativa cria imersão, reforçando o clima da coleção. Desfiles da Dior, Chanel, Mugler e outras casas históricas utilizam fragrâncias específicas no espaço físico do evento — como se o público “vestisse” a coleção apenas por respirar.
Esse tipo de abordagem também chega ao varejo. Lojas flagship de marcas premium usam aromas exclusivos para criar uma atmosfera sensorial que associa o cheiro ao estilo da marca. É a mesma lógica dos hotéis de luxo ou clubes privados, onde o cheiro define o espaço e sua memória.
E não são apenas as grandes marcas que apostam nisso. Experiências sensoriais com estética apurada se espalham para setores inesperados — de cafés e concept stores até plataformas digitais. Algumas, como a VBET Brasil, apostam em design e ambientações visuais que remetem à sofisticação e assinatura de marca, incorporando referências de lifestyle também nas escolhas olfativas e visuais de campanhas.
A moda invisível do dia a dia
Mesmo fora das passarelas e lojas de luxo, o perfume ganhou mais protagonismo no cotidiano. As redes sociais, em especial o TikTok e o Instagram, impulsionaram o conteúdo sobre “moda invisível” — ou seja, tudo aquilo que não se vê de imediato, mas que comunica: perfumes, sons ambientes, gestos, maneira de andar.
Influenciadores de moda compartilham seus “perfumes da semana” com o mesmo entusiasmo com que mostram bolsas ou sapatos. Vídeos que exploram “o look completo, incluindo o perfume” viralizam entre usuários interessados em estilo de vida holístico. O aroma virou peça-chave na curadoria pessoal.
Perfume e gênero: uma nova abordagem
Outra mudança significativa é a dissolução das fronteiras tradicionais de gênero na perfumaria. Perfumes “masculinos” e “femininos” perdem espaço para fragrâncias unissex, minimalistas ou completamente livres de categorias. O mesmo movimento que acontece na moda — com roupas de corte neutro, proporções fluídas e ausência de binarismos — também influencia a perfumaria.
Mais do que vender para “homens” ou “mulheres”, as marcas agora vendem atmosferas, emoções, imagens. O frasco comunica, a nota olfativa impacta, e o conjunto cria uma aura. Uma aura que, como toda boa peça de moda, não precisa de explicação — apenas de presença.