As clássicas casas de moda italianas são consideradas as mais influentes no mundo da moda, suas coleções apresentadas nas principais semanas de moda são sempre muito aguardadas pelos fashionistas e apaixonados por moda. Prada, Versace, Bottega Venetta, Gucci, Valentino. Esses nomes levam grande peso no universo fashion, e quando o xadrez do movimento dos estilistas é colocado à mesa, mudanças significativas acontecem e curiosidades se revelam.
Desde 2015, a Gucci teve um grande clímax que não se via desde a aclamada linha de Tom Ford em 1995, que é conhecida como “a coleção que salvou a Gucci“. E o responsável por essa mudança brusca que levou a marca ao delírio do seu público antigo e novo, foi o estilista Alessandro Michele, que começou a sua carreira na grife italiana em 2002, e a partir de 2015 trouxe uma revolução com a sua pegada romântica e nostálgica, trazendo uma verdadeira “Gucci Fever“, em que vários artistas buscam ter seu nome atrelado a marca e suas esplendorosas criações.
E quando o estilista saiu de cena, deixando a Gucci em 2022, onde a marca buscava fazer um rebranding, querendo se afastar exatamente do público que o cara trouxe e seu estilo oppulence de ser, quem assumiu o controle foi o jovem Sabato de Sarno. E o cara não perdeu tempo em despir a marca de tudo aquilo que Alessandro Michele trouxe, dos clássicos monogramas, os tons pasteis e todo o viés romântico e nostálgico. De lá para cá a Gucci tem se mostrado uma marca que se aproxima cada vez mais do minimalismo e sobriedade; e apesar de 5% da coleção ainda trazer um brilho de luz Gucciano, esta busca estar mais perto criativamente de suas amigas influentes Balenciaga e Prada – que por vezes fica difícil até saber quem é quem dentro da morte do que a diferenciava.
Junho de 2024. Alessandro Michele apresenta sua coleção Resort 2025 de estreia para a Valentino – e assim, um respiro de alegria volta aos sorrisos daqueles que não acreditam cegamente no hype. A nova coleção apresentada pelo estilista para uma casa italiana trouxe o riscar do DNA que já conhecemos, mas moldado a sofisticação tradicional que a Valentino carrega.
Ver a criação do estilista para a Valentino traz um misto de saudade e esperança, pois apesar de ter um apreço e respeito pelo que está sendo criado hoje na maioria das marcas, é difícil engolir a pílulas genéricas de moda disfarçadas de sobriedade e minimalismo. Quando pensamos em moda italiana, pensamos em sofisticação, e essa pode ser entregue de diversas maneiras e nuances. Porém depois de uma grande alta do Quite Luxury, que foi o exato movimento que levou a Gucci a jogar Vanish e literalmente “limpar sua imagem”, é bom saber que ainda tem gente seguindo sua jornada sem se deixar levar pela onda de Succession e seus sucessores.
A linha apresenta uma clara inspiração nos anos 1960 e 1970, com uma vibe vintage boêmia, que mistura looks luxuosos com jeans, shapes amplos, soltos e estruturados. Uma grande mudança em relação as coleção passadas, apresentadas pelo estilista Pierpaolo Piccioli, que ficou no comando da Valentino por saudosos 25 anos.
O debut de Alessandro Michele para a Valentino é algo que deve ser observado e estudado. A sua saída da Gucci foi estranha, por mais cordial que tenha sido o anúncio. E o cara trazer a coleção exatamente no mesmo dia em que a Gucci apresentou a sua versão do Resort 2025, não poderia ter sido melhor.
A tendência, o hype, são interessantes para saber como está funcionando o mundo; mas quando essa tem mais peso do que a criatividade, é aí que mora o perigo.
Confira a coleção abaixo.