O calendário da moda não termina na última fila de desfile. Quando as campanhas de festas já estão nas ruas e os provadores esvaziam, muitos estilistas começam a preparar uma outra etapa do trabalho: as viagens de fim de ano. Nessas semanas, o mapa-múndi ganha um recorte particular, feito de destinos onde é possível descansar, observar códigos de estilo em contexto real e recolher referências para as coleções que virão.
No Caribe, poucos lugares concentram tantos nomes da moda quanto St. Barths. A ilha, porto habitual de iates entre o Natal e o Ano Novo, reúne empresários, modelos, fotógrafos e criativos em praias pequenas, com restaurantes que funcionam quase como extensões da primeira fila de um desfile. As noites longas, os jantares onde se misturam vestidos de paetês, sandálias de tiras finas e joias discretas alimentam um repertório visual que depois reaparece em editoriais e campanhas de alto verão.
No Brasil, o roteiro de fim de ano de muitos designers passa por Trancoso, no sul da Bahia. A vila mantém um equilíbrio particular entre informalidade e luxo, com pousadas discretas, casas de arquitetura simples em torno do Quadrado e um resort de alto padrão que consolidou o destino no circuito internacional do turismo de moda. Em Trancoso, estilistas observam como visitantes combinam sandálias rasteiras com camisas de linho amplas, biquínis com saias pareô e acessórios artesanais, um vocabulário que influencia tanto coleções resort quanto linhas permanentes.
Marrakech aparece com frequência nas agendas de quem trabalha com cor, textura e artesanato. A cidade concentra riads reformados, hotéis-boutique e um circuito de espaços ligados à história da alta-costura, como o Jardin Majorelle e o museu dedicado a Yves Saint Laurent. Nas medinas, a passagem por bancas de especiarias, tapetes e objetos de metal cria um arquivo mental de tons saturados, superfícies brilhantes e técnicas manuais que servem de base para bordados, jacquards e estampas futuras.
Na rota latino-americana, Tulum, na costa mexicana, consolidou-se como ponto de encontro de profissionais criativos. O balneário reúne hotéis à beira-mar, festivais de música e uma sequência de lojas que misturam grandes marcas a ateliês independentes e produção artesanal. Passar alguns dias por ali significa observar, ao vivo, como clientes internacionais usam sandálias de tiras com túnicas bordadas, chapéus de palha estruturados, joias de prata e bolsas de fibras naturais, combinação que ajuda a calibrar proporções e materiais para a estação seguinte.
Na Europa, o fim de ano é marcado por um circuito mais denso e urbano. Paris continua a funcionar como base de muitos diretores criativos, que prolongam a estadia após as campanhas de festas para acompanhar vitrines, iluminação e o movimento das ruas. Florença atrai outro perfil de profissional, interessado na relação entre moda e patrimônio: o museu da Gucci e os espaços gastronômicos ligados à marca exemplificam como uma etiqueta constrói um universo completo em torno de si. Capri, a Costa Amalfitana e a Riviera Francesa, associadas há décadas ao imaginário da elegância de férias, voltam a entrar em cena, mesmo com temperaturas mais baixas, para sessões de fotos pontuais e encontros discretos com clientes.
Do outro lado do mundo, Tóquio funciona como laboratório permanente para quem pesquisa comportamento. Bairros como Harajuku, onde a moda de rua ocupa cada esquina com sobreposições, cores inusitadas e silhuetas exageradas, são fonte constante de ideias para estilistas habituados a uma visão mais europeia do guarda-roupa. A observação dos contrastes entre minimalismo rigoroso e experimentalismo radical ajuda a refinar decisões de modelagem e styling nas coleções que serão apresentadas no primeiro trimestre.
Por trás das imagens idílicas que surgem nas redes sociais, há um planejamento cuidadoso. As semanas de dezembro e janeiro concentram viagens de trabalho, encontros com clientes estratégicos e, em alguns casos, pré-produção de campanhas. Muitos profissionais fecham com antecedência cada etapa, da escolha do hotel ao seguro de viagem, recorrendo a soluções digitais que simplificam o processo. Plataformas como Heymondo permitem contratar um seguro adaptado ao tipo de deslocamento, com assistência remota constante e gestão de incidentes pelo aplicativo, algo relevante quando se alternam ilhas caribenhas, capitais europeias e cidades asiáticas num intervalo curto.
Esses roteiros de fim de ano, vistos à distância, podem parecer apenas férias de luxo. Para quem desenha coleções, no entanto, funcionam como um campo de observação raro. Em St. Barths, uma escolha de sandália pode sugerir um novo equilíbrio entre salto e plataforma. Em Trancoso, um vestido de algodão cru usado na praia inspira ajustes de comprimento e recortes. Em Tóquio, a forma como casacos volumosos são combinados com calças técnicas ou saias plissadas abre caminhos para novas proporções. No ano seguinte, quando os looks chegam às passarelas e às lojas, parte desse vocabulário visual já estava em circulação, silenciosamente, nas viagens de fim de ano que fecham o ciclo de cada temporada.

